Advogado presta queixa contra PMs envolvidos em blitz em que jovem foi baleado e morto: 'Atira primeiro e depois vê quem é'
17/07/2025
(Foto: Reprodução) Advogado da família do jovem morto por PMs questiona atuação dos policias
O advogado da família do jovem morto em uma perseguição da Polícia Militar (PM), em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, registrou uma queixa contra os policiais envolvidos na abordagem, que aconteceu no sábado (12).
Lucas Brendo da Silva, de 29 anos, foi baleado no pescoço e morto depois que o motorista do carro em que ele estava furou uma blitz por estar com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) do veículo atrasado.
✅ Receba as notícias do g1 PE no WhatsApp
Na tarde desta quinta-feira (17), o advogado Ernesto Felipe foi à Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS), no bairro da Boa Vista, Centro do Recife, para registrar a queixa e cobrar respostas sobre a atuação os agentes públicos envolvidos no caso.
De acordo com o advogado, o principal questionamento da família é a forma como a operação aconteceu.
"Esse tipo de abordagem, fora do padrão, atira primeiro e depois vê quem é. Então, hoje foi a família dos meus constituídos, amanhã pode ser a família de qualquer um" , afirmou o advogado.
Havia quatro homens dentro do carro que furou a blitz. Dois deles foram baleados na perseguição policial. Além de Lucas brendo, foi ferido o técnico de celular Lucas Ricardo da Silva, de 25 anos, que foi baleado na bunda, e levado ao Hospital da Restauração, no Derby, no Centro do Recife.
O técico em informática Lucas Brendo, que foi baleado no pescoço, foi socorrido e levado à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Imbiribeira, na Zona Sul. Ele morreu no local.
Lucas Brendo, de 29 anos, morreu após ser baleado durante uma bliz da Polícia Militar no Grande Recife
Reprodução/Instagram
Os policiais afirmaram que encontraram no carro duas armas, e que foram alvo de tiros disparados pelos jovens. As duas informações são negadas pelos ocupantes do carro e pelos parentes dos jovens. Havia, segundo eles, somente uma arma de gel, usada para esporte.
"Essa tese, essa narrativa dos policiais [das armas serem encontradas nos veículos], já caiu por terra porque o próprio delegado, que acompanhou a audiência, se convenceu que os meninos não deram tiro. Não foi feito o exame residuográfico. Ou seja, por mais que os policiais militares venham com essa acusação de narrativa, o próprio delegado não autuou, nem por porte ilegal de arma e muito menos por tentativa de homicídio aos policiais", informou o advogado.
O g1 teve acesso ao Boletim de Ocorrência (BO) registrado no sábado (12). O documento cita crimes como porte ilegal de arma, desobediência, resistência, direção perigosa, dano, depredação e morte por intervenção de agente do estado.
Ainda de acordo com o boletim de ocorrência desse caso:
os policiais realizavam abordagens de trânsito quando deram ordem de parada ao veículo.
o motorista desobedeceu e fugiu em alta velocidade, tentando derrubar as motos dos PMs;
os ocupantes do carro atiraram contra os policiais, que revidaram;
o carro bateu em outro veículo estacionado;
os dois ocupantes da frente do carro saíram e o motorista entrou em luta corporal com os policiais;
depois que todos foram contidos, os PMs perceberam que os dois passageiros do banco de trás estavam feridos;
duas armas foram encontradas no carro.
Com a visita à Corregedoria, o advogado espera que os policiais envolvidos no caso sejam afastados das funções durante a investigação.
"A partir de agora, é a gente pedir à corregedoria o afastamento desses policiais. Uma investigação séria, né? independente, que traga a verdade de onde surgiram essas armas. E outra coisa, afastar de imediato esses policias militares porque os policiais militares desses não é para estar nas ruas oferecendo risco à sociedade".
VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias