Assessor de investimentos que desviou R$ 11 milhões também tirou dinheiro de sócios
04/12/2025
(Foto: Reprodução) Empresário de Ribeirão Preto é preso por desviar dinheiro de investidores
Sócio de Frederico Goz Biagi, preso nesta quinta-feira (4) por suspeita de desviar ao menos R$ 11 milhões, um empresário, que pediu para não ter a identidade divulgada, também foi vítima do assessor de investimentos, de acordo com investigações da Polícia Federal.
À EPTV, afiliada da TV Globo, ele disse que começou a perceber os desvios na empresa com seis meses de sociedade.
"Não sei falar se ele é um sociopata ou um psicopata, porque um dos dois mata e eu acredito que ele não mate, não tire a vida. Mas ele tirou a vida financeira de algumas pessoas. É dinheiro da vida inteira que foi guardado. Ele é, realmente, um bandido profissional, conseguiu enganar bastante gente por bastante ano".
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Ainda de acordo com a Polícia Federal, inicialmente, Biagi atuava sozinho. Com o aumento das quantias, abriu a empresa de investimentos e chegou a desviar dinheiro dos próprios sócios.
"Ele constitui a empresa no mês de maio de 2023, já no mês de junho, um mês depois, todo dinheiro que entrava para a empresa, que iria para a conta de investimento da corretora, ele desviava para uma conta que ele abriu em outro banco. A partir dessa conta, ele remetia para a conta pessoal e se apropriava dos valores", disse o delegado Marcellus Henrique de Araújo.
Entre as vítimas do assessor estão advogados, médicos e aposentados, principalmente, de Ribeirão Preto (SP). Mas antes de constituir a própria empresa com sócios, Biagi atuou de 2020 a 2023 em um escritório de assessoria de investimentos.
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Ele foi preso pela manhã, em Poços de Caldas (MG), durante a Operação Stop Loss, da Polícia Federal, e encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Ribeirão Preto. Procurada pela EPTV, a defesa de Biagi disse que não vai comentar as acusações contra ele.
Em Ribeirão Preto, São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) foram cumpridos mandados de busca e apreensão.
O ex-sócio de Biagi acredita que a lista de pessoas lesadas é extensa e se pergunta o que foi feito com o dinheiro.
"Não dá para uma pessoa dessa andar impune na rua e continuar enganando pessoas, porque o que a gente sabe, depois que aconteceu, essa lista é bastante extensa. Ele pode ter comprado criptomoeda, pode ter mandado dinheiro para fora do Brasil ou até mesmo perdido parte desse dinheiro. Mas, pelo prazo que aconteceu, podemos falar em seis a sete meses, não acreditamos que ele tenha perdido R$ 11 milhões. Em hipótese alguma".
Frederico Biagi, de Ribeirão Preto (SP), foi preso nesta quinta-feira (4) por desviar pelo menos R$ 11 milhões em investimentos
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Fraude e apropriação de recursos
As investigações apontaram que ele utilizava os valores dos clientes em benefício próprio, realizando operações de day trade (iniciadas e finalizadas no mesmo dia), que resultaram na perda dos recursos investidos.
Para manter as vítimas enganadas, de acordo com a PF, o assessor fraudava documentos e inseria informações falsas no sistema, dificultando o acesso às informações. Ao menos dez pessoas prestaram depoimento afirmando terem sido alvo do golpe.
"Ele mantinha as vítimas em erro, que o dinheiro delas estaria rendendo, e as vítimas, acreditando nisso, declaravam o imposto de renda delas declarando esse falso lucro obtido e recolhia o tributo perante a Receita Federal. Um prejuízo dobrado, praticamente", explicou o delegado.
O suspeito selecionava vítimas com base no poder econômico delas e chegou, inclusive, a se relacionar com mulheres para adquirir a confiança delas.
Frederico Goz Biagi foi preso pela PF suspeito de desviar ao menos R$ 11 milhões de investimentos de clientes
Arquivo pessoal
Biagi deve responder por pelo menos seis crimes contra o Sistema Financeiro Nacional:
Gestão fraudulenta
Apropriação de recursos de investidor
Manutenção de investidor em erro mediante omissão ou falsidade
Fraude à fiscalização com inserção de informações falsas em documentos
Inserção de elementos falsos em demonstrativos contábeis
Contabilidade paralela
Somadas, as penas podem variar de 10 a 37 anos de reclusão.
Vítimas pagavam tributos por rendimentos que não tinham
Ainda de acordo com a Polícia Federal, inicialmente, Biagi prometia rendimentos exorbitantes, mas depois passou a oferecer até 2% de vantagem, rendimento considerado "dentro do padrão".
A mudança, diz a investigação, foi para que, caso algum cliente pedisse o resgate do dinheiro, o assessor tivesse condições de entregar a quantia, sem ter prejuízos.
"A partir do momento em que esse criminoso oferece 2%, ele tem uma margem muito maior para ir mantendo a vítima em erro. Porque, se em determinado momento, uma vítima pede algum valor que ela teria que receber, esses 2% são um montante pequeno dentro do capital total. Associado a todo esse contexto que vai se criando em torno do investigado, permitiu que ele perpetuasse no tempo toda a situação de erro com relação às vítimas", destacou Araújo.
Aos clientes, o assessor de investimentos divulgava os valores totais, até mesmo aqueles que ele já havia desviado. Assim, ao declararem a quantia à Receita Federal, as vítimas pagavam impostos de um dinheiro que, na verdade, já não possuíam mais.
"A informação falsa era o rendimento. Para manter a vítima sob o domínio dele, ele ia fornecendo demonstrativo de rendimentos que ele fabricava [falsos]. A vítima, de posse daquilo, pegava e declarava, porque a vítima era uma pessoa honesta, então ela declarava isso perante à Receita Federal, e isso gerava um tributo, que era recolhido. E não existia o dinheiro. A vítima, além de não ter o dinheiro, ainda pagava um tributo em cima de um rendimento que ela não teve", completou o delegado.
Frederico Biagi, de Ribeirão Preto (SP), foi preso nesta quinta-feira (4) por desviar pelo menos R$ 11 milhões em investimentos
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