Banco Central mantém taxa básica de juros em 15% ao ano
17/09/2025
(Foto: Reprodução) Banco Central mantém taxa básica de juros em 15% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17) manter taxa básica de juros da economia, a Selic, estável em 15% ao ano. A decisão pela manutenção da taxa foi unânime.
Esse é o maior patamar em quase 20 anos – em julho de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Selic estava em 15,25% ao ano.
O Copom justificou a decisão alegando instabilidades no ambiente externo e a inflação ainda acima da meta no Brasil. O comitê reconheceu que a atividade econômica perdeu força, mas o mercado de trabalho continua aquecido. Nas atuais condições do país, segundo o Copom, esse cenário segue inflacionário e a manutenção dos juros auxiliam no combate à inflação.
"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue apresentando, conforme esperado, certa moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação", afirmou.
O ponto destacado no cenário externo, que recomenda o atual patamar de juros no Brasil, é a incerteza da política econômica nos EUA.
"O ambiente externo se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos. Consequentemente, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica", continuou o Copom no comunicado divulgado nesta noite.
A decisão do Copom nesta quarta-feira corresponde com a expectativa dos economistas do mercado financeiro, tendo por base indicações do próprio BC de que a taxa será mantida inalterada por um "período bastante prolongado" de tempo.
🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.
O Copom é formado pelo presidente do Banco Central e por oito diretores da autarquia.
Em 2025, os diretores indicados pelo presidente Lula formaram maioria no colegiado, ou seja, eles são responsáveis diretamente pela decisão tomada.
A expectativa de economistas é de que a taxa seja mantida no atual patamar, ao menos, até começo de 2026.
Impacto na economia
A equipe econômica do governo Lula já passou a reduzir expectativas de crescimento da economia diante do cenário de juros elevados.
Na semana passada, o Ministério da Fazenda divulgou uma projeção atualizada para o Produto Interno Bruto (PIB). A estimativa agora é de crescimento de 2,3% neste ano. Antes, o cálculo era de 2,5%.
Esse resultado “pode ser atribuído aos efeitos cumulativos mais intensos da política monetária contracionista no crédito e na atividade”, ou seja, ao patamar de juros, segundo a pasta da Fazenda.
Como age o Banco Central?
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções de inflação estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Com a inflação ficando seis meses seguidos acima da meta em junho, o BC teve de divulgar uma carta pública explicando os motivos. No documento, o presidente do órgão, Gabriel Galípolo, culpou a atividade econômica aquecida, o câmbio, o custo da energia elétrica, além de anomalias climáticas.
Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Próximas reuniões
O Copom costuma se reunir a cada 45 dias para definir o patamar da Selic. Em 2025, o colegiado vai se reunir duas vezes:
4 e 5 de novembro
9 e 10 de dezembro