Correios afirmam estar renegociando empréstimo de R$ 20 bi, mas já citam outras alternativas
06/12/2025
(Foto: Reprodução) Por causa dos juros, Tesouro nega aval para empréstimo de bancos aos Correios
Os Correios enviaram um comunicado aos funcionários, na noite desta sexta-feira (5), com um balanço dos 60 dias da atual gestão que lista medidas para a reestruturação da empresa e reforça a necessidade de R$ 20 bilhões para a continuidade das operações.
No comunicado, a direção dos Correios diz que está renegociando a proposta de empréstimo para enfrentar a crise financeira em que a empresa se encontra.
Nesta semana, o Tesouro avisou à estatal que não aceita dar garantias a uma operação com juros mais altos do que o patamar definido pelo próprio Tesouro, que é de 120% do CDI.
🔎O Tesouro é um órgão vinculado ao Ministério da Fazenda responsável por administrar as finanças públicas, arrecadar e controlar os gastos do governo. Se os Correios fizerem um empréstimo e não conseguirem pagar, os cofres públicos ficarão com o prejuízo — motivo pelo qual o Tesouro analisa os riscos.
O texto enviado aos funcionários dos Correios cita que "outras alternativas para solução dessa questão estão sendo construídas em parceria entre os Correios e o Tesouro, como veiculado em entrevistas do próprio ministro da Fazenda".
Na quinta-feira (4), Fernando Haddad admitiu a possibilidade de fazer um aporte — repasse direto de recursos — para socorrer os Correios.
Direção dos Correios envia comunicado a funcionários informando que insistirá em empréstimo de R$ 20 bilhões
Reprodução/TV Globo
Questionado por jornalistas se o aporte seria a medida mais provável hoje, frente aos juros altos pedidos pelos bancos para emprestar para a estatal, Haddad respondeu que "pode haver [aporte], pode ser".
"O Tesouro está estudando. Nós vamos considerar todas as variáveis para tomar decisão. Nós precisamos, antes, aprovar o plano de recuperação [dos Correios]. Nós não vamos fazer um aporte sem o plano de recuperação aprovado", disse Haddad.
O ministro ressaltou que, "se houver algum aporte, é dentro das regras atuais" do arcabouço fiscal.
O que diz o comunicado
O texto enviado pelos Correios aos seus funcionários diz que, "para garantir continuidade e previsibilidade às nossas operações, há uma necessidade de recursos financeiros da ordem de R$ 20 bilhões, sendo parte para 2025 e o restante para 2026".
"Foi negociada uma operação de crédito e encaminhada para análise da Secretaria do Tesouro Nacional, órgão que dará a garantia para que a operação seja concretizada. Até o momento, não houve uma evolução por motivo de discordância da STN [Secretaria do Tesouro Nacional] em relação às condições financeiras propostas pelos bancos", informa o comunicado.
"A busca por recursos financeiros demanda negociações e diálogo técnico contínuo entre os Correios e o Tesouro Nacional. Como parte do processo de análise, estão sendo discutidos ajustes nas condições financeiras para garantir a proposta mais equilibrada, com menor custo e maior segurança para a empresa. Todo esse rito está sendo conduzido com responsabilidade, foco na liquidez imediata e alinhamento ao Plano de Reestruturação, que dá a segurança técnica para todas as partes envolvidas", afirma.