Fábrica São Luiz, símbolo da indústria paulista, é reconhecida como patrimônio nacional em Itu
14/12/2025
(Foto: Reprodução) Primeira fábrica a vapor de SP se torna patrimônio cultural nacional em Itu
A fábrica de tecidos "São Luiz" em Itu (SP) foi tombada e reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A indústria, fundada em 1869, foi a primeira fábrica a vapor do Estado de São Paulo e a segunda do país.
Conforme a reportagem exibida pela TV TEM, o prédio foi idealizado por quatro empresários, produtores de algodão e café, apaixonados por inovação e que trouxeram a tecnologia da época.
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Maria Sofia, atual proprietária da chácara, explica que, durante a guerra nos Estados Unidos, os tecidos que eram exportados para o Brasil deixaram de ser enviados. Com a paralisação desse fluxo, o grupo foi afetado.
"Diante do problema, os fazendeiros resolveram montar a fábrica. Mandaram dois engenheiros para fora: um para os Estados Unidos e um para a Inglaterra. O que foi para a Inglaterra chegou em 1866, com o que chamavam de caldeirada. O outro que trouxe a planta dos Estados Unidos. Diante disso, começaram a construção do que temos hoje. Muitas escolas de arquitetura vieram aqui para ver a evolução da engenharia industrial", diz.
Fábrica em Itu (SP) é reconhecida como patrimônio cultural
TV TEM/Reprodução
Ricardo Pacheco, também proprietário do prédio, cresceu imerso nos trabalhos braçais diários do prédio. Ele conta que durante toda sua infância e adolescência, construiu e guardou memórias que atualmente fazem parte não só da história da família dele, mas também da cidade.
"Todos os assuntos da minha infância giravam em torno da fábrica, que era o ganha-pão da família. Eu vinha muito pra cá nas férias, então tenho muitas memórias. São lembranças da parte mais divertida, porque eu vinha brincar com o dono, acompanhar a fiação, as bandeiras, as máquinas na passadeira, escovar o tecido", relembra.
"Até hoje converso com alguns antigos funcionários, que dizem que as minhas férias eram o terror deles, porque vinha a família toda fazer bagunça. Mas era muito gostoso. Ao mesmo tempo, a gente foi entendendo qual era a importância da indústria e como funcionava", acrescenta.
Vanessa Pereira, coordenadora de Identificação e reconhecimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pontua que a fábrica foi um empreendimento de extrema importância para o século 19.
Fábrica de tecidos em Itu (SP) guarda memórias e história de anos de trabalho
TV TEM/Reprodução
"Como o prédio era uma iniciativa rara, já que não havia muitas fábricas no Brasil, torna-se relevante proteger essa memória, incluindo a participação das mulheres, da mão de obra feminina e de todo o trabalho que se desdobrou a partir disso. Além de ser um espaço de produção, a fábrica também tinha a preocupação de oferecer creche e atendimento de saúde, o que era bastante inovador naquele momento", diz.
Itu reúne outros bens reconhecidos pelo Iphan, como a Igreja Matriz Candelária e o Conjunto de Obras do Padre Jesuíno do Monte Carmelo.
"Costumo dizer que o tombamento tem duas funções importantes: uma é a proteção e a outra é o reconhecimento. A proteção significa que o bem não pode ser demolido nem alterado, garantindo que suas características mais importantes sejam preservadas para que ele continue existindo da forma como deve", ressalta.
"Ao mesmo tempo, o tombamento traz um reconhecimento: o bem passa a ser entendido como importante para o país. Isso também abre portas, por exemplo, para conseguir investimentos. Com o reconhecimento federal, é possível obter patrocínios e recursos destinados a bens que têm esse valor nacional", finaliza.
Fábrica de tecidos é reconhecida pelo patrimônio cultural em Itu (SP)
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