Frango e porco: USP indica retomada de competitividade da carne suína após gripe aviária
18/10/2025
(Foto: Reprodução) Em fevereiro, o preço da carcaça suína registrou elevação de 10,8% na comparação com janeiro, passando para R$ 13,20 o quilo.
Arquivo Secom
Com recuo nos preços, a competitividade da carne de porco em relação à proteína de frango começa a melhorar em outubro após consecutivas perdas nos últimos meses, apontam boletim mais recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba (SP), divulgado nesta sexta-feira (17).
A reação do mercado de carne suína responde aos reflexos do caso da gripe aviária, registrado em maio em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. O Brasil se declarou livre da doença em junho. As exportações de frango retomaram recordes no segundo semestre. Entenda movimento no mercado das proteínas concorrentes, abaixo, na reportagem.
Estudo do Cepea demonstra que o cenário pressionou os valores de comercialização da carne de frango e desfavoreceu a competitividade da proteína de porco de junho e o começo de setembro deste ano.
"O movimento de alta nas cotações do frango segue firme, enquanto os valores do suíno estão em queda, resultando em ganho de competitividade da carne suína frente à de frango pela primeira vez desde o caso da gripe aviária", destaca.
Setembro
Os preços da carne de frango passaram a se recuperar, influenciados, conforme explicam pesquisadores, pela retomada das exportações brasileiras da proteína à União Europeia – os envios ao bloco estavam suspensos desde maio.
Produção de carne suína
Reprodução/TVCA
Cotações
Indicador Cepea/Esalq - Suíno Vivo
Porco: produtor tem maior poder de compra
Os produtores paulistas de carne de porco vivem o momento mais favorável em relação ao poder de compra do farelo de soja, insumo essencial para a suinocultura, aponta boletim do Cepea divulgado na primeira semana de outubro de 2025.
Os pesquisadores do campus da USP, em Piracicaba (SP), ressaltam que o poder de compra atual está 54% acima da média da série histórica do Cepea, iniciada em janeiro de 2024, que é de 3,62 quilos.
Farelo de soja
Caíque Rodrigues/g1 RR
Com a venda de um quilo do suíno vivo no interior de São Paulo, especialmente na região de Campinas (SP), o produtor conseguiu comprar 5,57 quilos de farelo em setembro.
Essa é a maior quantidade registrada pelo Cepea desde dezembro de 2004, quando a relação de troca atingiu recorde, de 6,49 quilos.
Preços
Além dos preços mais firmes de venda do suíno vivo, levantamento do Cepea aponta que o valor médio do animal em setembro, de R$ 9,25 o quilo , foi o maior de 2025 –, esse cenário favorável ao suinocultor é influenciado pelas recentes fortes desvalorizações do farelo de soja.
A Equipe de Grãos do Cepea mostra que a tonelada do derivado negociado na região de Campinas (SP) registrou média de R$ 1.660,53 em setembro, sendo 21,7% abaixo da verificada no mesmo período do ano passado.
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Exportações em alta
O volume exportado de carne suína brasileira cresceu cerca de 72% entre janeiro e agosto de 2025, aponta análise do Cepea na segunda quinzena de agosto de 2025. Em janeiro, foram 7,7 mil toneladas da proteína exportada. Em agosto, a quantidade passou para 13,3 mil toneladas.
No ranking dos principais países destinos dos embarques, Chile e Filipinas são destaques. Entenda panorama, abaixo."O destaque foi em julho, quando 14,5 mil toneladas de carne suína foram escoadas ao Chile. O dobro do volume de janeiro", aponta o Cepea.
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Destinos
Chile foi, em julho e agosto o segundo maior destino da proteína brasileira, assumindo a posição que até então vinha sendo sustentada pela China.
As Filipinas se mantêm como maior destino da carne suína brasileira desde fevereiro deste ano.
"O aumento dos embarques ao Chile está atrelado ao fato de o governo daquele país ter reconhecido, em abril deste ano (e oficializado em julho), o estado do Paraná (segundo maior produtor nacional), como livre de febre aftosa sem vacinação e de peste suína clássica", destaca o Cepea.
Preços
Os preços do suíno vivo e da carne de porco mantiveram altas desde o fim do primeiro semestre de 2025 e as cotações de agosto seguiram firmes, contrariando cenário típico de recuos para esse período do ano.
🐖O mercado independente do suíno vivo, segundo o Cepea, foi favorecido pela demanda aquecida, típica no começo do mês e que ajudou a impulsionar as cotações.
Na segunda metade de agosto, a procura seguiu firme, e os valores não recuaram como tradicionalmente ocorre. Desta forma, as médias mensais dos preços do vivo em quase todas as praças acompanhadas pelo Cepea avançaram em relação a julho", observa o Cepea em boletim desta quinta-feira.
Quanto à carne, pesquisadores explicam que a demanda também esteve bastante elevada em agosto, levando a aumentos nas cotações da maior parte dos produtos suinícolas no período.
📈O indicador do Suíno Vivo Mensal Cepea/Esalq fechou em R$ 8,57 em Minas Gerais, R$ 8,27 no Paraná, R$ 8,15 no Rio Grande do Sul, R$ 8,19 em Santa Catarina e R$ 8,76 em São Paulo em agosto.
Produção de frango em Santa Catarina
Cristiano Estrela/Arquivo/Secom
Frango: expectativa de recorde nos embarques
A quantidade de carne de frango exportada em setembro foi a maior em 11 meses, e, nesta parcial de outubro, o ritmo diário de embarques está 9,6% superior ao de setembro/25 e expressivos 16% acima do de outubro/24, conforme dados da Secex.
Os analistas de Cepea estimam que 2025 pode atingir recorde inédito nas exportações de carne de frango.
"Caso o atual intenso desempenho das exportações brasileiras de carne de frango se mantenha nas próximas semanas, 2025 pode se encerrar com um novo recorde no volume escoado. Esse resultado seria verificado mesmo diante do caso de gripe aviária em maio deste ano em uma granja comercial do Rio Grande do Sul", aponta.
Remotada europeia
Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário é favorecido pela recente retomada das compras da proteína brasileira por parte da União Europeia, fator que contribui para consolidar a recuperação do ritmo exportador nacional a patamares pré-gripe.
Frango
Getty Images via BBC
China: vendas seguem suspensas
Os embarques de carne de frango para a China seguem suspensas. O Cepea indica que o retorno dos embarques ao país asiático poderia impulsionar ainda mais as exportações totais.
"As perspectivas de vendas externas recordes em 2025, no entanto, dependem da ausência de novos casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1 ou IAAP) em granjas comerciais, assim como de outros tipos de influenza", acrescentam os pesquisadores do Cepea.
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