Idosa resgatada de maus-tratos em área nobre do DF está internada há duas semanas por não ter para onde ir; entenda
14/08/2025
(Foto: Reprodução) Preso por maltratar mãe idosa dá respostas confusas ao ser confrontado pela PM no DF
Uma idosa de 75 anos resgatada de um cenário de maus-tratos em um apartamento da Asa Sul, na área central de Brasília, aguarda há duas semanas na rede pública de saúde do Distrito Federal por um destino permanente.
Ela não tem parentes conhecidos além do filho – que morava com ela, foi responsabilizado pela situação de abandono e está preso.
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A mulher deu entrada na UPA de São Sebastião no último dia 29, quando foi resgatada pela polícia. Ela estava machucada, desorientada e sem os remédios para o tratamento do Mal de Alzheimer. O nome dela não foi divulgado em respeito à privacidade.
Pelo prontuário médico, a mulher já poderia ter recebido alta há vários dias. Mas, como não há nenhum parente ou amigo próximo para cuidar dela no retorno ao apartamento, a liberação ainda não foi possível.
Nesta semana, ela foi transferida para o Hospital Cidade do Sol (HSol), em Ceilândia. A definição de um destino "definitivo" segue em aberto.
Em nota, a Defensoria Pública do DF disse que aguarda relatórios médicos e sociais, "que atestam a ausência de vínculos familiares capazes de assumir os cuidados e indicam a completa alta social", necessários para formalizar as medidas de acolhimento.
"O ajuizamento da ação de curatela ou de abrigamento depende da conclusão dos relatórios [...]. Assim que esses documentos forem recebidos, a Defensoria poderá adotar as medidas judiciais cabíveis para garantir a inclusão da idosa em instituição adequada", diz a pasta.
Ao g1, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF informou a paciente "encontra-se clinicamente estável", mas permanece internada por "pendências de ordem social". A pasta disse ainda que acionou os órgãos competentes e a paciente "aguarda uma vaga em abrigo de longa permanência".
O destino da idosa deve ser definido nos próximos dias pelo Ministério Público do Distrito Federal, que acompanha o caso em duas frentes: criminal e cível/protetiva (saiba mais abaixo).
Ministério Público avalia interdição e acolhimento
Idosa estava com ferimentos no pé e no braço.
PCDF/Divulgação
De acordo com o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), o filho da idosa foi denunciado por maus-tratos, omissão de socorro, cárcere privado e ameaça.
Na esfera cível, uma promotoria de família avalia medidas emergenciais, como identificação de outros parentes, pedido de interdição e ação para acolhimento.
Segundo a Polícia Civil, o único familiar vivo da idosa seria o próprio filho, que está preso.
Neste caso, na ausência de familiares aptos, a Justiça pode indicar um curador dativo — ou seja, uma pessoa de confiança do juiz, que não precisa ter vínculo com o idoso, mas deve prestar contas da administração dos bens e é remunerada com recursos da própria curatelada.
O MP do DF não deu um prazo para que a avaliação de medida emergencial seja concluída.
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Idosa segue internada até a definição
Segundo o advogado Isaac Simas, ouvido pelo g1, enquanto não há definição judicial, o médico responsável pode atuar como curador provisório para manter a paciente internada de forma legal.
“Mesmo que a idosa tenha recursos financeiros, ela se enquadra como pessoa em situação de vulnerabilidade social, porque não tem ninguém que possa cuidar dela”, explica Simas.
Simas afirma que, geralmente, nesses casos, a Defensoria Pública é acionada para representar os interesses da pessoa idosa em situação de risco.
“O Estatuto do Idoso garante o direito ao acolhimento em casos assim, seja por meio de abrigos públicos ou mesmo instituições privadas com reembolso”, completa.
Mais de R$ 215 mil encontrados no apartamento
Polícia encontra 7 celulares, carteiras profissionais e R$ 215 mil em espécie escondidos no apartamento de homem preso por maltratar mãe idosa na Asa Sul
PCDF
Durante as investigações, a Polícia Civil encontrou mais de R$ 215 mil em espécie no apartamento onde a idosa vivia com o filho, na Asa Sul.
O valor foi apreendido em duas ocasiões: R$ 100 mil no dia do resgate e, em 5 de agosto, mais R$ 106 mil, escondidos em gavetas e no guarda-roupas.
De acordo com a polícia, parte do dinheiro foi retirada de forma indevida da conta bancária da avó, que ele também é suspeito de maltratar e morreu em maio deste ano, aos 99 anos.
Os agentes também apreenderam:
sete celulares;
seis carteiras profissionais (incluindo de detetive particular, bombeiro civil, “detetive profissional” e “investigador profissional”);
uma machadinha.
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