Isolado em cela há 1 ano, assassino de Marielle Franco está frustrado com transferência para Tremembé
20/06/2025
(Foto: Reprodução) Defesa de Ronnie Lessa afirma que ex-policial está completamente isolado, sem possibilidade de estudar e trabalhar para reduzir pena. Isolado em cela há 1 ano, assassino de Marielle Franco está frustrado com transferência para Tremembé
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Assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa se sente frustrado no complexo prisional de Tremembé, que é conhecido por receber presos com envolvimento em casos de grande repercussão.
Desde que chegou ao presídio há um ano, o ex-policial ocupa uma cela solitária e não tem contato com outros presos. Ele vive em uma cela chamada de ‘seguro’ e tem rotina diferente dos outros detentos.
A defesa dele argumenta que o presídio de segurança máxima não era o destino acordado na delação e afirma que o preso não tem a possibilidade de estudar e trabalhar para reduzir a pena. Condenado 5 vezes, Ronnie Lessa já soma 193 anos e 11 meses de prisão.
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Lessa também se queixa da alimentação. No dia 30 de abril, ele recusou o almoço e o jantar servidos na cela. A atitude foi registrada como falta disciplinar pela direção do presídio.
No processo, a justificativa de Lessa foi registrada como: “motivo pessoal e prefiro não dizer”, segundo documento anexado aos autos.
Lessa recusou refeição servida no presídio
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No dia seguinte à recusa das refeições, o advogado de defesa fez um pedido à Justiça estadual solicitando uma vistoria das condições em que Lessa se encontra, “a fim de resguardar sua integridade física e psicológica”.
No pedido à Justiça, a defesa do ex-policial afirma que:
Lessa está privado de qualquer convívio social, sem acesso a estudo, trabalho ou cursos profissionalizantes. Apenas a leitura diária da Bíblia e de alguns livros seria permitida;
Está há um ano em isolamento total, em condições mais rígidas que as de uma penitenciária federal, o que poderia causar danos irreversíveis à saúde física e mental;
Tem relatado forte abalo emocional, agravado pela morte recente do pai;
Estaria passando mal com frequência por conta da alimentação, o que, segundo os advogados, pode levar a um quadro de subnutrição.
Até esta sexta-feira (20), o pedido ainda não havia sido analisado pela Justiça.
Além disso, a defesa aguarda, desde 2024, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de transferência de Ronnie Lessa para a Penitenciária 2 de Tremembé.
Assista a íntegra da sentença que condenou Ronnie Lessa e Élcio Queiroz pelo assassinato de Marielle e Anderson
O que diz a SAP
Procurada pela reportagem do g1, a Secretaria da Administração Penitenciária informou, por meio de nota, que "Ronnie Lessa está cumprindo pena em cela individual, a fim de preservar sua integridade física. O preso usufrui diariamente de banho de sol, em pátio reservado. Ele também acessa a biblioteca da unidade e já leu títulos de diversos escritores e filósofos".
A secretaria também acrescentou que Lessa "participa de projetos culturais na unidade e tem a mesma rotina dos demais custodiados". Informou que a unidade disponibiliza atendimento médico, de enfermagem, odontológico, psicológico e do serviço social sempre que solicitado.
Sobre a alimentação, a SAP afirmou que é oferecido o cardápio padrão instituído pela secretaria.
193 anos de prisão
O ex-policial militar Ronnie Lessa soma 193 anos e 11 meses em penas nas Justiças estadual e federal. Ele foi preso em 12 de março de 2019.
No entanto, o acordo de delação pela confissão dos homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes prevê que ele só poderá cumprir pena em regime fechado até março de 2037. Pelo que foi assinado, existe a unificação dos processos a que Lessa responde na Justiça estadual e federal.
Quando o acordo foi assinado por Lessa, representantes da Polícia Federal, Procuradoria Geral da República e Ministério Público do Rio, ficou acordado que, após essa data, ele ainda terá que cumprir dois anos em regime semiaberto, podendo sair durante o dia e voltando para dormir à noite na cadeia.
Para que a delação seja mantida, é preciso que Lessa não tome punições graves enquanto estiver preso. Caso se descubra que Lessa mentiu ou escondeu provas a respeito de algum dos casos citados no acordo, ele será desfeito.
Ronnie Lessa é fotografado para registro em penitenciária de segurança máxima em SP
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Penitenciária Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, a P1 de Tremembé
Laurene Santos/TV Vanguarda
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