Lula recebe título de Doutor Honoris na Malásia e afirma que 'COP30 será a COP da verdade'

  • 25/10/2025
(Foto: Reprodução)
Lula recebe título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional da Malásia Reprodução/X/ricardostuckert O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, na madrugada deste sábado (25), o título de Doutor Honoris Causa em Desenvolvimento Internacional e Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia (UKM). A cerimônia de outorga foi presidida pelo Sultão de Negeri Sembilan e reitor da universidade, Tuanku Muhriz, na capital Kuala Lumpur. Em seu discurso, Lula agradeceu a homenagem e afirmou que o título representa um reconhecimento ao povo brasileiro. (veja texto completo abaixo) “É com muita honra que recebo o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional da Malásia, com profunda emoção e sincera gratidão. Este título é, também, um merecido reconhecimento ao povo brasileiro”, disse. O presidente destacou a importância da educação como instrumento de transformação social e lembrou os avanços obtidos durante seus governos na ampliação do acesso ao ensino superior. “Tenho muito orgulho de ser o presidente que mais criou instituições de ensino técnico e superior, mesmo sem ter diploma universitário. E que abriu as portas das universidades aos filhos das classes trabalhadoras”, afirmou. Lula ressaltou ainda a semelhança entre o Brasil e a Malásia, ambos países do Sul Global com histórias coloniais e sociedades plurais. Ele elogiou o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e defendeu a cooperação entre as nações em busca de justiça social e prosperidade compartilhada. “O Brasil trabalha para fortalecer o diálogo e a cooperação entre os países do Sul Global. Somos a maioria da população mundial e compartilhamos o mesmo desejo de justiça e superação das desigualdades”, disse. O presidente também abordou temas internacionais, criticando o protecionismo econômico, o poder desigual no Fundo Monetário Internacional (FMI) e a inoperância do Conselho de Segurança da ONU. “É inaceitável que os países ricos tenham nove vezes mais poder de voto no FMI do que o Sul Global”, afirmou. Ao falar sobre o meio ambiente, Lula destacou que o Brasil sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) no coração da Amazônia e defendeu uma “COP da verdade”. “Será o momento de superar a ganância extrativista e agir com base na ciência. As universidades continuarão a desempenhar papel decisivo no enfrentamento da crise climática”, declarou. Em tom de encerramento, Lula dedicou o título ao povo brasileiro e à educação como caminho para um mundo mais justo e solidário. “Recebo este título não como um ponto de chegada, mas como um estímulo a continuar lutando por um mundo mais justo, sustentável e solidário. Esse diploma não é do Lula. Esse diploma é de 215 milhões de brasileiros”, concluiu. Na Malásia, Lula diz que conselho da ONU não funciona mais Veja a íntegra discurso do presidente Lula ao receber o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional da Malásia "É com muita honra que recebo o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional da Malásia, com profunda emoção e sincera gratidão. A minha trajetória remete à história de superação de milhões de compatriotas. Este título é, também, um merecido reconhecimento ao povo brasileiro. É uma honra ser homenageado por uma instituição que representa o compromisso da Malásia com sua identidade nacional. Aqui foram forjadas lideranças engajadas com o progresso e com a transformação social deste país, como o primeiro-ministro Anwar Ibrahim e o primeiro astronauta malaio, Sheikh Muszaphar Shukor. A Universidade Nacional da Malásia é jovem como a grande maioria das instituições de ensino superior do Brasil. Em nossos países, a educação superior foi, historicamente, pensada e reservada para as classes mais abastadas. Para elites muitas vezes mais próximas das ex-metrópoles do que do seu próprio povo A primeira Universidade Federal brasileira foi estabelecida em 1920, 420 anos depois da chegada dos portugueses. Tenho muito orgulho de ser o presidente que mais criou instituições de ensino técnico e superior, mesmo sem ter diploma universitário. E que abriu as portas das universidades aos filhos das classes trabalhadoras. Hoje, o Brasil projeta um futuro em que o desenvolvimento não se limita ao crescimento da riqueza de poucos. Sabemos que um amanhã próspero só chega com justiça social, dignidade e oportunidade para todos. É com essa convicção que meu governo retirou o Brasil do Mapa da Fome da FAO e que atingimos a menor taxa de desemprego já registrada. A Malásia também é prova de que a ação do estado como indutor do desenvolvimento é fundamental para a superação da pobreza. Sua história também se assemelha com a brasileira em outros aspectos. Somos países do Sul Global, com passados coloniais e sociedades plurais. Partilhamos valores fundamentais como a defesa do diálogo, da cooperação, do multilateralismo e da justiça social. Desempenhamos papel ativo no cenário internacional e somos fator de estabilidade em nossas regiões. A láurea em “Desenvolvimento Internacional e o Sul Global” que recebo hoje confirma minha convicção de que o papel da política é enfrentar as desigualdades, dentro dos países e entre eles. A política se constrói no dia a dia das salas e dos corredores das universidades. Nos momentos difíceis da História, professores e estudantes mantiveram viva a chama do pensamento livre, do valor da ciência e da defesa da igualdade. A ciência não se resigna diante da mazela de doenças socialmente determinadas ou de pandemias. As ideologias que pregam o racismo, o colonialismo e a misoginia não encontram respaldo no conhecimento científico. O pensamento crítico é incompatível com a miséria e com a guerra. A juventude está indignada com o fato de que 673 milhões de seres humanos ainda dormem com fome todos os dias. E as comunidades universitárias, em todo o mundo, têm elevado suas vozes contra a brutalidade do genocídio em Gaza e contra a inércia moral que impede até hoje que o Estado Palestino seja criado. Quase sempre são os jovens que nos recordam que a paz é o valor mais precioso da humanidade. Ela não pode ser comprada com os 2 trilhões e setecentos bilhões de dólares que o mundo gasta anualmente com armas. Somente a ação solidária das pessoas e das nações pode pavimentar um futuro de prosperidade compartilhada. O Brasil trabalha para fortalecer o diálogo e a cooperação entre os países do Sul Global. Somos a maioria da população mundial e compartilhamos do mesmo desejo de justiça e superação das desigualdades. Rejeitamos a lógica da guerra como continuidade da política. Tarifas não são mecanismos de coerção. Nações que não se dobraram ao colonialismo e à dicotomia da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis. O espírito de Bandung segue vivo. O BRICS é ator fundamental na luta por um mundo multipolar, menos assimétrico e mais pacífico. A defesa de uma ordem baseada no diálogo, na diplomacia e na igualdade soberana das nações está no cerne da proposta brasileira de reforma das Nações Unidas. Sem maior representatividade, o Conselho de Segurança seguirá inoperante e incapaz de responder aos desafios do nosso tempo. O recrudescimento do protecionismo e a paralisia da Organização Mundial do Comércio impõem uma situação de assimetria insustentável para o Sul Global. É hora de interromper os mecanismos que sustentam, há séculos, o financiamento do mundo desenvolvido às custas das economias emergentes e em desenvolvimento. É inaceitável que os países ricos tenham nove vezes mais poder de voto no FMI do que o Sul Global. A arquitetura financeira internacional deve direcionar recursos para desenvolvimento sustentável dos que mais precisam. Não podemos vislumbrar um mundo diferente sem questionar um modelo neoliberal que aprofunda as desigualdades. Três mil bilionários ganharam 6,5 trilhões de dólares desde 2015. Essa cifra supera o PIB nominal anual da ASEAN e do Brasil somados. Na busca por lucros ilimitados, muitos se esquecem de cuidar do planeta Terra. As mudanças climáticas podem levar até 132 milhões de pessoas a mais para a extrema pobreza até 2030. Uma década após o Acordo de Paris, faltam recursos para a transição justa e planejada. Sobretudo, falta tempo para corrigir rumos. Estamos a vinte dias da COP-30, que será realizada no coração da Amazônia. Será a COP da verdade. Será o momento de superar a ganância extrativista e agir com base na ciência. Menos de 70 países apresentaram novas metas nacionalmente determinadas de redução de emissões de gases de efeito estufa (NDCs). Dentre os maiores poluidores, apenas 14 países cumpriram com o seu dever de casa. Os dados são alarmantes. Tudo indica que, mesmo que as atuais NDCs sejam cumpridas, o planeta ultrapassará o limite de 1.5 grau de aumento da temperatura do planeta. Há poucos dias, pesquisadores apontaram que a mortalidade generalizada dos recifes de corais de águas quentes pode ser o primeiro ponto de não retorno ultrapassado pela humanidade. As florestas tropicais são um ponto de não retorno que devemos evitar a todo custo. Na Amazônia brasileira vivem 30 milhões de pessoas que têm direito a viver com dignidade. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que lançaremos na COP 30, irá remunerar os serviços ecossistêmicos prestados ao planeta. As universidades continuarão a desempenhar papel decisivo no enfrentamento da crise climática. Seus alertas sobre os riscos ambientais que ameaçam o planeta devem ser ouvidos com urgência. Magnífico Senhor Reitor, Sua Alteza o Sultão de Negeri Sembilan, Esta homenagem reafirma minha fé na educação como instrumento de emancipação e de igualdade. Recebo o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional da Malásia não como um ponto de chegada, mas como um estímulo a continuar lutando por um mundo mais justo, sustentável e solidário. Um mundo em que os países do Sul Global tenham voz. Malásia e Brasil podem ser a porta de entrada para promover maior conhecimento mútuo entre a América do Sul e o Sudeste Asiático. Que o dia de hoje seja mais uma semente lançada para fortalecer os laços humanos entre a Malásia e o Brasil e para inspirar as novas gerações a sonhar, a questionar e a agir. Continuarei trabalhando para ampliar o intercâmbio acadêmico e científico entre nossas universidades. Espero que o português do Brasil possa ser ouvido nos corredores da Universidade Nacional da Malásia. E que mais professores, pesquisadores e estudantes malásios possam vivenciar as instituições de ensino brasileiras. Eles serão embaixadores da amizade entre nossos povos e formarão um corredor de ideias e inovação. Agradeço a Vossa Alteza Real, aos professores e estudantes desta instituição, e ao povo da Malásia pela generosidade. Esse diploma não é do Lula. Esse diploma é de 215 milhões de brasileiros. Muito obrigado." Veja os vídeos que estão em alta no g1

FONTE: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/10/25/lula-recebe-titulo-de-doutor-honoris-na-malasia.ghtml


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