Nego Di é denunciado por descumprir medidas protetivas contra ex-companheira em caso de suspeita de violência doméstica
18/12/2025
(Foto: Reprodução) Nego Di durante depoimento à Justiça, ainda preso, em outubro de 2024
Reprodução
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) apresentou, nesta quinta-feira (18), denúncia contra o influenciador e comediante Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di. Ele é suspeito de violar medidas protetivas concedidas à ex-companheira, em um caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, enquadrado na Lei Maria da Penha.
A defesa do humorista informou que não tem conhecimento sobre a denúncia. Já advogada que representa a ex-companheira de Nego Di "informa que o caso mencionado tramita sob segredo de justiça, razão pela qual não serão prestados esclarecimentos ou comentários sobre o mérito dos fatos". (leia, abaixo, na íntegra)
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Segundo a denúncia, as infrações começaram em 25 de abril de 2024, após decisão judicial que determinava que o influenciador não poderia manter qualquer contato com a vítima, nem mencioná-la em redes sociais ou expô-la a terceiros por meio de mensagens, imagens ou vídeos.
Mesmo ciente das restrições, Nego Di teria descumprido as ordens três vezes, publicando conteúdos em seus perfis que faziam referência direta à mulher. As postagens, conforme o MP, revelavam a existência das medidas judiciais e atribuíam à vítima condutas ofensivas. As publicações permaneceram disponíveis por dias.
Violência contra mulher: como pedir ajuda
O Ministério Público sustenta que as ações configuram crime previsto no artigo 24-A da Lei Maria da Penha, com agravante por se tratar de violência doméstica baseada no gênero. A Promotoria pediu que a denúncia seja aceita, que a vítima e testemunhas sejam ouvidas e que, em caso de condenação, seja fixado valor mínimo para reparação dos danos.
Relembre últimos processos de Nego Di
O influenciador responde a outros processos judiciais que acontecem desde 2022. As acusações incluem estelionato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e promoção de loteria ilegal. Confira:
Loja virtual “Tadizuera”
Entre março e julho de 2022, Nego Di e seu sócio, Anderson Boneti, teriam lesado mais de 370 pessoas por meio da loja virtual Tá Di Zueira, causando prejuízo estimado em R$ 5 milhões, segundo a Polícia Civil e o Ministério Público. Há também registros de crimes cometidos entre março e julho de 2021, com 16 vítimas em Canoas. Esses casos foram considerados em uma decisão judicial proferida em 2025.
O inquérito policial foi concluído em agosto de 2023, com pedido de prisão preventiva. Em julho de 2024, o MP se manifestou favoravelmente à prisão, e a Justiça decretou a medida no mesmo dia.
Em seguida, Nego Di foi preso preventivamente em Florianópolis (SC) e permaneceu na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) por mais de quatro meses.
Em novembro do mesmo ano, o STJ concedeu liberdade provisória por meio de habeas corpus.
Nego Di deixa presídio em Canoas
Após a soltura, o influenciador passou a cumprir medidas cautelares, como proibição de uso de redes sociais, entrega de passaporte e comparecimento periódico em juízo. Após violar essas medidas com postagens nas redes, foi advertido pela Justiça.
Em junho de 2025, Nego Di e Anderson Boneti foram condenados em primeira instância a 11 anos e 8 meses de prisão em regime fechado por estelionato no caso da Tadizuera. A prisão, no entanto, só será efetivada após o trânsito em julgado, de acordo com a Justiça.
Em outubro de 2025, a 29ª Promotoria de Justiça Criminal de Porto Alegre tornou o humorista e o sócio dele, Anderson Boneti (que está preso por outro processo envolvendo a loja), réus em mais uma ação penal por estelionato.
"Fake news" sobre enchentes
Em maio de 2024, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou que Nego Di apagasse publicações com fake news sobre as enchentes em Canoas e Porto Alegre.
Ele foi proibido de reiterar as afirmações sob pena de multa de R$ 100 mil.
Fraude em rifa de Porsche
Carros que pertenciam ao humorista Nego Di vão a leilão no RS; valor dos veículos ultrapassa R$ 500 mil
Divulgação/Trevisan Leilões
Em fevereiro de 2025, Nego Di virou réu por fraude em uma rifa virtual envolvendo um Porsche avaliado em mais de R$ 500 mil. As suspeitas incluem estelionato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e promoção de loteria. A esposa do influenciador, Gabriela Vicente de Sousa, também foi denunciada e virou ré por lavagem de dinheiro dentro do esquema por lavagem de dinheiro.
Como parte da ação, em agosto deste ano, dois veículos de luxo (uma RAM Classic Laramie e uma Range Rover Velar) foram apreendidos. Os dois estavam avaliados em R$ 508.851,90. A Justiça determinou o leilão dos bens.
O que diz a advogada da ex-companheira
"A defesa informa que o caso mencionado tramita sob segredo de justiça, razão pela qual não serão prestados esclarecimentos ou comentários sobre o mérito dos fatos.
Reitera-se a confiança na atuação do Ministério Público e do Poder Judiciário, que conduzem a apuração de forma técnica e responsável, assegurados o devido processo legal e os direitos fundamentais de todas as partes.
A manifestação tem caráter estritamente informativo, em respeito às decisões judiciais e à proteção da vítima.
Alvorada/RS, 18 de dezembro de 2025.
Lidiane Rossato Issi
OAB/RS 108.723"
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