'Procedimentos escusos' e 'pura camaradagem': como aporte de R$ 16,7 bilhões no Banco Master pode ter prejudicado contas do BRB

  • 19/11/2025
(Foto: Reprodução)
Master queria inflar patrimônio ilegalmente, aponta investigação A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam um suposto esquema que pode ter causado prejuízos ao Banco de Brasília (BRB) e colocado em risco a saúde do sistema financeiro nacional – tudo isso, durante a negociação fracassada de compra do Banco Master. Em uma decisão obtida pela TV Globo, o juiz Ricardo Leite pede ao Banco Central uma "investigação minunciosa e isenta para verificar a situação patimonial real" do BRB (entenda abaixo). O documento cita a hipótese de que, para salvar o Banco Master de uma "crise de liquidez", dirigentes do BRB teriam adotado “procedimentos escusos” e atuado com “pura camaradagem” injetando dinheiro no Master. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. ➡️ Ao longo de meses, o BRB tentou fechar um acordo para comprar o Banco Master. A operação tinha o apoio do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), mas foi barrada pelo Banco Central. 'Camaradagem' e 'procedimentos escusos' Segundo o documento, o BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Master entre 2024 e 2025. Desses, pelo menos R$ 12,2 bilhões envolvem operações em que há fortes indícios de fraude. Para se ter ideia, ainda de acordo com o documento, o BRB só poderia "se expor" (ou seja, colocar ativos sob risco) em cerca de R$ 753 milhões com um único cliente. O valor repassado ao Banco Master foi mais de 20 vezes maior que o permitido. "É viável e plausível a hipótese investigativa [...] que ‘a substituição entre os créditos BRB-Master ocorreu por pura camaradagem, em desacordo com a formalidade do instrumento contratual firmado, mas como tentativa de abafar a fiscalização das operações e preocupações dela decorrentes'", diz a decisão judicial que autorizou a prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, nesta terça-feira (18). O juiz Ricardo Leite destaca ainda que podem ter sido adotados "procedimentos escusos pela gestão do BRB para viabilizar e promover a liquidez do Banco Master". Ou seja, manobras ilegais e obscuras que, segundo a acusação, foram usadas para dar aparência de legalidade à fraude. A investigação aponta que a compra dos créditos ocorreram com o intuito de "encobrir transações e ludibriar a fiscalização do Banco Central". Estes "procedimentos escusos", segundo a decisão e investigações da PF, incluem: Uso de empresas de fachada Desvio de recursos Gestão fraudulenta Fraudes do mercado de capitais Manipulação de ativos Em linhas gerais, segundo as investigações: O Banco Master emitiu R$ 50 bilhões em certificados de depósito bancário (CDBs, um tipo de título financeiro) prometendo juros acima das taxas de mercado e sem comprovar que tinha liquidez, ou seja, que conseguiria pagar esses títulos no futuro. Para reforçar essa impressão de liquidez, o Master aplicou parte do dinheiro dos CDBs em ativos que não existem, comprando créditos de uma empresa chamada Tirreno. O Master não pagou nada por essa compra, mas logo em seguida vendeu esses mesmos créditos ao BRB – que pagou R$ 12,2 bilhões, sem documentação, para "socorrer" o caixa do Banco Master. Essas transações aconteceram no mesmo período em que o BRB tentava comprar o próprio Banco Master – e convencer os órgãos de fiscalização de que a transação era viável e não geraria risco aos acionistas do BRB, incluindo o governo do DF. 👉Os investigadores ainda apuram "as razões pelas quais o BRB desconsiderou irregularidades graves nas operações". Prejuízos ao sistema nacional A atuação dos dirigentes dos bancos teria, segundo o MP, "ocasionado prejuízos à higidez do Sistema Financeiro Nacional, e principalmente à própria instituição por eles administrada, havendo indícios de cometimento por parte dos gestores do BRB do crime previsto no artigo 4° da Lei 7.492/86". O artigo citado pelo MP diz respeito ao crime de "gerir fraudulentamente instituição financeira". É um crime contra o sistema financeiro nacional, com pena prevista de 3 a 12 anos de reclusão e multa. Crédito fantasma comprado e revendido Prédio do Banco Master TV Globo Em um dos trechos do documento obtido pela TV Globo, o MPF relata que: "A solução do Grupo Master para aportar recursos muito superiores à sua produção histórica, e que fossem capazes de cobrir o rombo de 12 bilhões, constituiu em se associar, ilicitamente, a uma Sociedade de Crédito Direto, com o objetivo de inflar seu patrimônio artificialmente, por meio da aquisição de carteiras de créditos inexistentes e revendê-las ao BRB", diz a decisão. O BRB só decidiu desfazer o negócio depois que os R$ 12,2 bilhões já tinham sido transferidos. E mesmo assim, seguiu transferindo recursos para o Banco Master por conta de outros créditos bancários. "Importa registra que, consoante resumo de operações realizadas entre Master e BRB, apenas entre os meses de julho de 2024 e 3/10/2025, foram transferidos ao grupo Master o correspondente a R$ 16.717.138.715,05 pelo BRB", diz o MPF no documento. Segundo o Banco Central, entre maio e abril deste ano, o BRB recebeu outros R$ 4 bilhões em carteiras de crédito do Banco Master, e pagou os respectivos prêmios à instituição. Para os investigadores, a postura do BRB "configura indício relevante de que a instituição pública buscou amparar o Banco Master em sua crise de liquidez". LEIA TAMBÉM: Governador do DF vai indicar Celso Eloi para assumir BRB após afastamento de Paulo Henrique Costa Relembre a tentativa do BRB de comprar o Banco Master Dono do Master preso Prisão do dono do Master envolve gestão fraudulenta A Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, nesta segunda-feira (17) no aeroporto de Guarulhos. Ele estava tentando fugir do país em um avião particular para Malta, país na Europa. Vorcaro foi alvo de uma operação que mira a venda de títulos de crédito falsos. 🔎 A investigação aponta que o Master emitia CDBs com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. No entanto, esse retorno era irreal. Segundo a PF, o esquema pode ter movimentado R$ 12 bilhões. Após ser preso, Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. Presidente do BRB afastado Presidente do BRB, Paulo Henrique Costa Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília Já o presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, foi afastado de seu cargo. Segundo o banco, o afastamento tem duração de 60 dias. Paulo Henrique está nos Estados Unidos, segundo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Ibaneis também disse que vai indicar Celso Eloi de Souza Cavalhero para assumir a presidência do BRB. Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

FONTE: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/11/19/procedimentos-escusos-e-pura-camaradagem-como-aporte-de-r-167-bilhoes-no-banco-master-pode-ter-prejudicado-contas-do-brb.ghtml


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