Quadrilha celebrou reportagem sobre roubo no Fantástico, diz delator: 'Caras loucos da cabeça'
08/12/2025
(Foto: Reprodução) Fantástico encontra na Argentina foragido por envolvimento em roubos milionários
Uma quadrilha especializada em roubos milionários de joias no interior de São Paulo comemorou a exibição de uma reportagem sobre o próprio crime no Fantástico. A informação aparece no depoimento de um dos suspeitos que decidiu fazer delação premiada e detalhou como o grupo agia — dos disfarces de peruca ao uso de redes sociais para vigiar vítimas (veja no vídeo acima).
O delator, que não foi identificado para proteger sua identidade, contou que a quadrilha reagiu com empolgação quando viu o primeiro roubo ser exibido no Fantástico.
“Quando a rapaziada vê a filmagem ali, até comemora. ‘C..., vai passar no Fantástico’. Eu pensei comigo: "Esses caras é louco (sic) da cabeça, velho. O negócio tá quase indo pra cadeia e tá comemorando”, disse.
De acordo com a investigação da polícia, o assalto a moradores de um prédio em fibeirão Preto, interior de São Paulo, foi decidido justamente após a repercussão da reportagem, como uma tentativa de “apagar” rastros do primeiro crime, segundo investigadores.
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Esquema grandioso
A Polícia Civil destaca que o esquema envolvia pelo menos 26 pessoas, entre assaltantes, receptadores e intermediários. Quinze delas já viraram rés. Um dos nomes apontados como peça-chave é Paulo César Caluf, dono de um programa de TV em Curitiba e, agora, foragido da Justiça brasileira. Ele foi encontrado pela equipe de reportagem em Buenos Aires, onde tomava café tranquilamente.
O grupo é investigado por dois grandes assaltos em Ribeirão Preto — um em maio e outro em setembro. Nos dois casos, os criminosos escolheram vítimas específicas e usaram a mesma estratégia: alugar imóveis próximos aos alvos, monitorar moradores e render famílias para levar principalmente joias e dinheiro vivo.
“Mil e Uma Noites”, programa vendia joias receptadas do crime
Reprodução/Fantástico
Sobre a quadrilha
As investigações mostram que as joias roubadas eram repassadas a receptadores em duas etapas: primeiro para um intermediário em Uberaba (MG) e depois para o programa de TV comandado por Caluf, o “1001 Noites”.
Uma das vítimas chegou a reconhecer suas próprias joias sendo anunciadas na atração.
“Não é coincidência. Minhas joias estão sendo vendidas no mesmo lugar onde eu compro peças”, disse a mulher à polícia.
Apesar disso, o delator afirmou que o combinado inicial não era revender as peças pela TV, mas derretê-las para venda por quilo — o que teria levado a desentendimentos dentro da quadrilha.
A defesa do primeiro receptador, conhecido como Diego Ouro, preferiu não se manifestar. Já os advogados do intermediário preso em Uberaba afirmam que ele não tinha conhecimento do esquema.
Foragido na Argentina
Caluf chegou a Buenos Aires no fim de outubro e deveria ter voltado ao Brasil dias depois, mas permaneceu na Argentina. A reportagem encontrou o foragido hospedado em uma área turística próxima a Puerto Madero.
Após ser informada do paradeiro, a Polícia Civil encaminhou os dados para a Interpol.
Segundo os investigadores, o grupo planejava novos assaltos: uma lista com outros 15 condomínios de alto padrão em Ribeirão Preto foi encontrada durante as apurações. Somados, os valores levados nos dois crimes passam de R$ 10 milhões.
“Todo mundo que tem um certo poder econômico acha que está sempre acima do bem e do mal, está acima da ação da Justiça. E não é bem assim”, finalizou o promotor de Justiça Paulo Teutónio.
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